sexta-feira, 2 de maio de 2014

CONSTRUÇÃO DO ROTEIRO DE PESQUISA
DOS
POVOS INDÍGENAS
POVO XETÁ
            O povo escolhido para este roteiro foi o povo Xetá, e para tanto, utilizei os dados da Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil, do Instituto Socioambiental (ISA).
Desde que assisti aos vídeos “Fugindo da Extinção”, “O Brasil Grande e os Índios Gigantes” e “Povo Panará”, interessei-me em saber mais sobre povos indígenas que corriam o risco de extinção e assim, após sugestão do professor Luis Henrique Eiterer, fui pesquisar os Xetás.
O intuito desta busca é tomar conhecimento sobre o que tem ocorrido com muitos povos indígenas chegando mesmo à sua extinção e ainda, deixar o que foi encontrado para que outras pessoas tenham acesso fácil a estas informações, através do blog criado por nossa turma do Curso de Cultura e História dos Povos Indígenas. Além do que, de posse destas preciosas informações, poderemos ser mais uma voz “clamando no deserto”.
Os Xetás são a última etnia do estado do Paraná a entrar em contato com a sociedade nacional. São originais do noroeste paranaense e seu território tradicional é conhecido como Serra dos Dourados, ao longo do Rio Ivaí (margem esquerda até a foz do Rio Paraná) e seus afluentes. Sua população, conforme pesquisa de 2006, é de 86 pessoas. A família linguística é a Tupi-Guarani.
Este povo conhecido como Xetá, que é um termo correntemente usado desde 1958, também são  conhecidos na literatura por outras denominações como “Héta”, “Chetá”, “Setá”, “Ssetá”, “Aré”, “Yvapará” e até “Botocudo”.
As primeiras notícias de grupos com características semelhantes às dos Xetás datam do final do século XIX e início do século XX e foram nomeados por Bigg-Wither, para quem eles podem ser descendentes dos Botocudos.
O primeiro contato ocorreu quando em 6 de dezembro de 1954, um grupo de seis pessoas do sexo masculino, após as constantes fugas das frentes de colonização, as quais reduziam cada vez mais seus territórios estabeleceram relação com o administrador da Fazenda Santa Rosa e seus familiares, os quais haviam se instalado no local de caça e pesca do grupo desde 1952. Após este contato, os seis indígenas voltam com suas mulheres e crianças em visitas periódicas.
Somente a partir de 1955, sabedores do contato direto dos indígenas com os moradores da Fazenda Santa Rosa, é que a 7ª. Inspetoria Regional do Serviço de Proteção aos Índios organiza expedições de contato e em novembro do mesmo ano alcançaram o grupo que visitara a fazenda. Em fevereiro de 1956, uma expedição da Universidade Federal do Paraná, coordenada pelo professor e antropólogo José Loureiro Fernandes, localizou duas outras aldeias no interior da floresta.
A ocupação do território Xetá deu-se em função: 1- a expansão da cafeicultura; 2- implantação e implementação de fazendas de criação de gado e agricultura e 3- as ações das companhias de colonização e imigração que obtinham do governo terras a baixo custo.
O contato dos Xetás com a Fazenda Santa Rosa resultou em aliados para os defenderem junto às esferas estadual e federal. Em outubro de 1955, o deputado estadual Antonio Lustosa de Oliveira, também proprietário da Fazenda Santa Rosa, propôs a criação de uma reserva florestal estadual reservada aos Xetá, que abrangeria parte do território tradicional Xetá. Contudo, o governador Moysés Lupion vetou a proposta, mesmo tendo sido aprovada pela Assembleia Legislativa, com a justificativa que o estado não dispunha de terras.
O antropólogo José Loureiro Fernandes propõe uma nova modalidade de reserva florestal, em 1957, desta vez sob a forma de Parque Nacional de Sete Quedas, que incluiria parte da área florestal proposta anteriormente e uma parte do território Xetá. A aprovação do Parque ocorre em 1961, e reconhece nos limites do mesmo o habitat Xetá que deveria ser definido pelo Serviço de Proteção ao Índio do Ministério da Agricultura.
A criação do parque, entretanto, não implicou em garantia de território para este povo indígena e em 1981, o decreto nº 86041 pôs fim ao Parque Nacional de sete Quedas sem que os Xetás  tivessem garantidas suas terras. Durante este período grande parte de sua população foi dizimada por intoxicação alimentar, envenenamentos, doenças infectocontagiosas como gripe, sarampo e pneumonia, extermínio com armas de fogo e queima de aldeias, rapto de crianças, entre outras ações dos invasores de seu território.
Os trágicos efeitos da política colonizadora do governo do estado do Paraná na região da serra dos Dourados e mais a omissão e negligência do SPI, enquanto órgão de assistência e proteção aos povos indígenas , que resultou na perda do território tradicional Xetá e na extinção de sua sociedade, da qual sobreviveram apenas alguns indivíduos. Em 1999, somavam um total de oito indivíduos: três mulheres e cinco homens. Dados atuais indicam a possibilidade de existirem mais quatro sobreviventes.
Os sobreviventes Xetás apontam que seu povo era muito numeroso, aproximadamente 400 pessoas distribuídas em pequenos núcleos familiares que habitavam na oka-auatxu (lugar grande, aldeia grande), formadas pelos tapuy-apoeng (casa grande), nelas viviam várias famílias e nelas eram realizados vários rituais, inclusive o de iniciação masculina. Em decorrência dos conflitos internos com os Kaingang e depois com os colonizadores brancos as fugas foram intensificadas e os oka-kã (lugar pequeno, acampamento) com seus tapuy-kã (casas pequenas), ou seja, as moradias temporárias e provisórias tornaram-se a principal habitação do grupo.
Os remanescentes Xetás não vivem em aldeias, nem compartilham dos mesmos códigos e pauta cultural de seu povo. Vivem na condição de assalariados, servidores públicos, empregados domésticos e boias-frias. Vivem como agregados em terras Kaingang, Guarani ou como inquilinos no meio urbano-rural. Casaram-se com Kaingang, Guarani e não índios.
Somente três dos sobreviventes falam fluentemente a língua de seu povo e uma das mulheres é capaz de entender tudo que é falado por eles, porém se expressa verbalmente em português. Quanto aos demais nenhum deles fala o Xetá.
            Até 1996, alguns sobreviventes desconheciam a existência dos outros e o parentesco que os unia. Em 1997, atendendo à solicitação dos oito remanescentes Xetás, promoveu em Curitiba o “Encontro Xetá: Sobreviventes do Extermínio”, ocasião em que estes e alguns de seus familiares se conheceram e conversaram sobre si, seu passado, presente e as perspectivas de um futuro melhor para eles e seus descendentes.
            Como resultado do Encontro, os sobreviventes Xetás elaboraram um documento no qual solicitaram aos diferentes segmentos da sociedade nacional e às autoridades competentes o seu reconhecimento, e de seus descendentes, como sobreviventes da etnia Xetá. Reivindicaram  a atenção da FUNAI, indenização financeira e em terra pela tragédia ocorrida a seu povo e pelas perdas que tiveram ao longo de suas vidas. Outra reivindicação foi a retificação do registro de nome em seus registros civis, considerando-se seus nomes indígenas e o de seus pais.
Fonte de referência
Autoria: Carmem Lúcia da Silva, Fonte: Instituto Socioambiental/Povos Indígenas no Brasil, http://povosindigenas.org.br/pt/povo/xeta/print, acessado em 22/04/14.
Postado por Berenice Outeiro

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