domingo, 6 de abril de 2014

UNIVERSIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL



O Centro Universitário do Sul de Minas – UNIS-MG, visita a aldeia Xukuru-Kariri em Caldas-MG.

Visita: Aldeia Indígena Xukuru-Kariri

Os objetivos propostos foram alcançados ao visitarmos a realidade social dos índios Xukuru-Kariri. Foi possível identificar elementos para a consolidação do Planejamento Interdisciplinar por curso (PIC), o qual trata-se da temática geral “Pluralidade Cultural” por parte de alguns grupos de trabalho, em especial do 4º período, no que refere aos projetos intitulados: Políticas Públicas voltados para os índios, a exemplo da necessidade de implantação do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), através do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Segue depoimentos dos alunos a respeito da visita realizada:
“No primeiro instante a maioria dos estudantes de Serviço Social teve a impressão que não seria uma visita legal à aldeia, devido eles não ter oca e residir em casas de tijolos, mas ao conhecer a realidade daquele povo pode notar que as casas são simples e eles humildes demais.
Ao chegar nos deparamos com o Cacique, já a nossa espera e logo fomos convidados a estar fazendo uma caminhada até a mata, onde os restantes dos grupos da aldeia estariam lá pra fazer uma apresentação.
Chegando à mata todos estavam vestidos a caráter, com o corpo todo pintados e prontos para a apresentação.
Começaram com uma dança indígena, linda e interessante por sinal, logo, em seguida o Cacique, falou um pouco conosco sobre a cultura de seu povo, onde tudo começou com o descobrimento do Brasil, onde ele conta que não foi descobrimento e sim invasão das terras brasileiras, pudemos perceber em suas falas que a mágoa ainda existe para eles, por seus familiares antepassados terem sido vítimas dessa invasão de terras e parte de seus povos terem sido escravizados, ele relatou também que o índio e o negro ainda continuam sendo discriminados  em nossa sociedade, não tendo um apoio moral, cultural e muito menos material.
O cacique nos passou o quanto é importante você conhecer e respeitar as várias culturas que existe no mundo. O filho do Cacique deu uma participação nos mostrando como fala na língua indígena, ou seja, tivemos um momento histórico e cultural dessa gente.
Na cultura deles não há nenhum problema em casar com outras pessoas de diferentes culturas, porque o amor não escolhe o importante para eles é a voz do coração, embora tiver a mistura de raças, mas o que não pode é estar participando dos rituais feitos na aldeia”.
Hoje o povo indígena Xucuru - Kariri corresponde em 30 famílias dividindo elas em outros estados. Dentro da mata, onde foi feito a apresentação das danças nos traz um ar leve, diferente do que estamos acostumados na cidade, traz também uma sensação de paz e tranqüilidade, de estarmos totalmente em sintonia com a natureza. Na aldeia tem um posto de saúde, onde os médicos atendem uma vez por semana, também tem escola no qual os professores que dão aulas são de lá mesmo.
O artesanato é admirável, pois é tudo feito com de materiais extraído de suas próprias terras. A mídia nos passa que os índios são pessoas mal educadas que só pensam em violência, em invadir terras alheias, mas isso não é verdade, eles possuem uma cultura bem diferente da nossa e muito bela, eles são pessoas normais que possuem seus deveres e necessidades, lutando sempre pelos seus direitos iguais a qualquer outra pessoa, pois existem várias pessoas no mundo de diferentes culturas e tradição e por isso deve ser respeitada”.

Breve Histórico: Tribo Xucuru Kariri

Os índios da tribo Xucuru- Kariri tiveram sua denominação a cerca de 100 anos, esse nome é recorrente, pois deriva de duas tribos, Xucuru e Kariri, se localizavam em Alagoas perto dos Estados dá Bahia e do Maranhão. Atualmente alguns descendentes da tribo se localizam em Caldas, (MG), bem antes de virem para Minas situavam-se no município de Palmeira dos Índios em Alagoas, ao todo são 35 famílias e tomaram posse da terra em 2001.

Histórico do contato

O primeiro contato do homem branco com os Xukuru Kariri foi pelos jesuítas, as margens do rio São Francisco, com a expulsão o jesuítas em 1759 a aldeia passou para a orientação de missionários, mas no século XIX o Império passa a não considerá-los como população originaria, alegando a inexistência de índios de raça primitiva, pela mistura entre índios e brancos, acabaram sendo extintos em 17 de julho de 1873, tem-se registros de desde a visita do imperador Pedro II nada se foi doado a tribo.
Parte dessas terras ficou com o Estado e o Império, mas 1978 as terras da Fazenda Modelo administradas pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF),
são reconhecidas como há dos Xucuru Kariri e a mesma é ocupada com alegação de direito memorial das terras, a posse da terra indígena foi regulamentada em 1993.
Sua língua ainda é preservada, matem seu idioma e suas expressões mágicas e o ritual o Ouricuri, hoje de acordo com os dados da FUNAI, em 1997 a população Xucuru Kariri estimava-se em um numero de 1.500 pessoas, mas também há uma proporção de integrantes na tribo, que varia de 1.700. Os Xukuru Kariri consideram integrante da tribo aquele pai ou mãe descendentes, ou quando casa-se com um integrante da tribo ou pessoa é apenas conhecedor do Ouricuri já é pertencente do grupo.
A área ocupada pela tribo é de 100 hectares, onde cerca de 90 índios, num total de 35 famílias, vivem em moradias e duas casas de pau-a-pique adaptadas e construídas por eles próprios, o dinheiro para construção das casas foram doados pela ONG Internacional Caritas, vinculadas a (CNBB) Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, Assentados no Sul de Minas desde maio de 2001, os índios enfrentam diversas dificuldades para promover a sobrevivência da tribo.
Os Xucuru Kariri ainda tem uma escola na sede do assentamento, onde crianças até 5 anos aprendem a ler e escrever como os brancos, aprendem também sua língua, e as próprias índias foram capacitadas com o curso de magistério para ensinaram as crianças da tribo, a escola está implantada desde 2004. E contam também com um posto de saúde onde médicos atendem uma vez por semana e com apoio de uma índia que é agente de saúde da tribo.
A situação da tribo é marcado por lutas e resistência ao direito a terra, a tribo partiu do município de Palmeira dos Índios (AL) na década de 80, como discorre o cacique Warcanã de Aruanã, no sentido de melhores terras e para sobrevivência da tribo, primeiro permaneceram por cerca de 18 anos na região de Paulo Afonso, na Bahia, as margens do Rio São Francisco, começaram a passar imensas dificuldades, portanto a FUNAI, os assentou no Triângulo Mineiro, no município de São Gotardo permanecendo até 2001, mas a tribo não conseguiu se adaptar, com isso tiveram a alternativa de irem para Caldas e pelo fato das terras serem montanhosa, fértil e clima favorável, resolveram se adequar ao Sul de Minas. A realidade da tribo não se diferencia de diversos trabalhadores rurais, onde muitos vendem sua força de trabalho em atividades rurais para sua subsistência, mas ainda permanecem com cultura e identidade.
No dia 24 de setembro de 2011 os estudantes do curso de Serviço Social do Centro Universitário do Sul de Minas – UNIS-MG, realizaram uma visita à tribo Xukuru-Kariri, onde os mesmo relataram a experiência maravilhosa que tiveram o primeiro momento os estudantes ficaram um pouco desanimados, pelo fato dos índios não habitarem em ocas, como antigamente, mas perceberam que eram casas humildes e construídas com dificuldade.
O cacique logo recebeu todos os estudantes e levando-os para um local da mata onde realizam seus rituais, todos os índios inclusive crianças participam do ritual e estavam vestidos e pintados como determina sua cultura, o cacique surpreendeu os estudantes ao fazer um resgate histórico da historia dos índios no Brasil, marcado pela discriminação de sua cultura, ressaltando o pré-conceito da cultura branca e da igreja com eles, entre outros. Sendo assim os estudantes de Serviço Social ficaram impressionados com a cultura e o caráter político do cacique, e perceberam que muitas vezes o que a mídia apresenta sobre os índios não é verídico e obtendo certo apresso e respeito pelas diferentes culturas.


Contribuição: Humberta Porto

Nenhum comentário:

Postar um comentário