CONSTRUÇÃO DO ROTEIRO DE PESQUISA
DOS
POVOS INDÍGENAS
POVO
XETÁ
O
povo escolhido para este roteiro foi o povo Xetá, e para tanto, utilizei os
dados da Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil, do Instituto
Socioambiental (ISA).
Desde que assisti aos
vídeos “Fugindo da Extinção”, “O Brasil Grande e os Índios Gigantes” e “Povo
Panará”, interessei-me em saber mais sobre povos indígenas que corriam o risco
de extinção e assim, após sugestão do professor Luis Henrique Eiterer, fui
pesquisar os Xetás.
O intuito desta busca é
tomar conhecimento sobre o que tem ocorrido com muitos povos indígenas chegando
mesmo à sua extinção e ainda, deixar o que foi encontrado para que outras
pessoas tenham acesso fácil a estas informações, através do blog criado por nossa
turma do Curso de Cultura e História dos Povos Indígenas. Além do que, de posse
destas preciosas informações, poderemos ser mais uma voz “clamando no deserto”.
Os Xetás são a última
etnia do estado do Paraná a entrar em contato com a sociedade nacional. São
originais do noroeste paranaense e seu território tradicional é conhecido como
Serra dos Dourados, ao longo do Rio Ivaí (margem esquerda até a foz do Rio
Paraná) e seus afluentes. Sua população, conforme pesquisa de 2006, é de 86
pessoas. A família linguística é a Tupi-Guarani.
Este povo conhecido
como Xetá, que é um termo correntemente usado desde 1958, também são conhecidos na literatura por outras
denominações como “Héta”, “Chetá”, “Setá”, “Ssetá”, “Aré”, “Yvapará” e até
“Botocudo”.
As primeiras notícias
de grupos com características semelhantes às dos Xetás datam do final do século
XIX e início do século XX e foram nomeados por Bigg-Wither, para quem eles
podem ser descendentes dos Botocudos.
O primeiro contato
ocorreu quando em 6 de dezembro de 1954, um grupo de seis pessoas do sexo
masculino, após as constantes fugas das frentes de colonização, as quais
reduziam cada vez mais seus territórios estabeleceram relação com o
administrador da Fazenda Santa Rosa e seus familiares, os quais haviam se
instalado no local de caça e pesca do grupo desde 1952. Após este contato, os
seis indígenas voltam com suas mulheres e crianças em visitas periódicas.
Somente a partir de
1955, sabedores do contato direto dos indígenas com os moradores da Fazenda
Santa Rosa, é que a 7ª. Inspetoria Regional do Serviço de Proteção aos Índios
organiza expedições de contato e em novembro do mesmo ano alcançaram o grupo
que visitara a fazenda. Em fevereiro de 1956, uma expedição da Universidade
Federal do Paraná, coordenada pelo professor e antropólogo José Loureiro
Fernandes, localizou duas outras aldeias no interior da floresta.
A ocupação do
território Xetá deu-se em função: 1- a expansão da cafeicultura; 2- implantação
e implementação de fazendas de criação de gado e agricultura e 3- as ações das
companhias de colonização e imigração que obtinham do governo terras a baixo
custo.
O contato dos Xetás com
a Fazenda Santa Rosa resultou em aliados para os defenderem junto às esferas
estadual e federal. Em outubro de 1955, o deputado estadual Antonio Lustosa de
Oliveira, também proprietário da Fazenda Santa Rosa, propôs a criação de uma
reserva florestal estadual reservada aos Xetá, que abrangeria parte do
território tradicional Xetá. Contudo, o governador Moysés Lupion vetou a
proposta, mesmo tendo sido aprovada pela Assembleia Legislativa, com a
justificativa que o estado não dispunha de terras.
O antropólogo José
Loureiro Fernandes propõe uma nova modalidade de reserva florestal, em 1957,
desta vez sob a forma de Parque Nacional de Sete Quedas, que incluiria parte da
área florestal proposta anteriormente e uma parte do território Xetá. A
aprovação do Parque ocorre em 1961, e reconhece nos limites do mesmo o habitat
Xetá que deveria ser definido pelo Serviço de Proteção ao Índio do Ministério
da Agricultura.
A criação do parque,
entretanto, não implicou em garantia de território para este povo indígena e em
1981, o decreto nº 86041 pôs fim ao Parque Nacional de sete Quedas sem que os
Xetás tivessem garantidas suas terras. Durante
este período grande parte de sua população foi dizimada por intoxicação
alimentar, envenenamentos, doenças infectocontagiosas como gripe, sarampo e
pneumonia, extermínio com armas de fogo e queima de aldeias, rapto de crianças,
entre outras ações dos invasores de seu território.
Os trágicos efeitos da
política colonizadora do governo do estado do Paraná na região da serra dos
Dourados e mais a omissão e negligência do SPI, enquanto órgão de assistência e
proteção aos povos indígenas , que resultou na perda do território tradicional
Xetá e na extinção de sua sociedade, da qual sobreviveram apenas alguns
indivíduos. Em 1999, somavam um total de oito indivíduos: três mulheres e cinco
homens. Dados atuais indicam a possibilidade de existirem mais quatro
sobreviventes.
Os sobreviventes Xetás
apontam que seu povo era muito numeroso, aproximadamente 400 pessoas
distribuídas em pequenos núcleos familiares que habitavam na oka-auatxu (lugar
grande, aldeia grande), formadas pelos tapuy-apoeng (casa grande), nelas viviam
várias famílias e nelas eram realizados vários rituais, inclusive o de
iniciação masculina. Em decorrência dos conflitos internos com os Kaingang e
depois com os colonizadores brancos as fugas foram intensificadas e os oka-kã
(lugar pequeno, acampamento) com seus tapuy-kã (casas pequenas), ou seja, as
moradias temporárias e provisórias tornaram-se a principal habitação do grupo.
Os remanescentes Xetás
não vivem em aldeias, nem compartilham dos mesmos códigos e pauta cultural de
seu povo. Vivem na condição de assalariados, servidores públicos, empregados
domésticos e boias-frias. Vivem como agregados em terras Kaingang, Guarani ou
como inquilinos no meio urbano-rural. Casaram-se com Kaingang, Guarani e não
índios.
Somente três dos sobreviventes falam
fluentemente a língua de seu povo e uma das mulheres é capaz de entender tudo
que é falado por eles, porém se expressa verbalmente em português. Quanto aos
demais nenhum deles fala o Xetá.
Até
1996, alguns sobreviventes desconheciam a existência dos outros e o parentesco
que os unia. Em 1997, atendendo à solicitação dos oito remanescentes Xetás,
promoveu em Curitiba o “Encontro Xetá: Sobreviventes do Extermínio”, ocasião em
que estes e alguns de seus familiares se conheceram e conversaram sobre si, seu
passado, presente e as perspectivas de um futuro melhor para eles e seus
descendentes.
Como
resultado do Encontro, os sobreviventes Xetás elaboraram um documento no qual
solicitaram aos diferentes segmentos da sociedade nacional e às autoridades
competentes o seu reconhecimento, e de seus descendentes, como sobreviventes da
etnia Xetá. Reivindicaram a atenção da
FUNAI, indenização financeira e em terra pela tragédia ocorrida a seu povo e
pelas perdas que tiveram ao longo de suas vidas. Outra reivindicação foi a
retificação do registro de nome em seus registros civis, considerando-se seus
nomes indígenas e o de seus pais.
Fonte de referência
Autoria:
Carmem Lúcia da Silva, Fonte: Instituto Socioambiental/Povos Indígenas no
Brasil, http://povosindigenas.org.br/pt/povo/xeta/print,
acessado em 22/04/14.
Postado por Berenice Outeiro
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