sábado, 3 de maio de 2014

MAXAKALI




UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
CEAD - HISTÓRIA E CULTURAS DOS POVOS INDÍGENAS - 2013

Conhecendo os povos indígenas do Brasil contemporâneo
Professor Luiz Henrique Eiterer
MAXAKALI
Aluna: Marta Prata Soares
Vivem em Minas Gerais se autodenominam tikmu'ún,
família linguística Maxakali,
pertencem ao tronco linguístico Macro-Jê.
População em 2010: 1500.
Sucessivas administrações autoritárias refletem hoje nos graves problemas de embriaguez, desajustes sociais e marginalização econômica. São descritos como preguiçosos, sujos, ladrões e bêbados, e excluídos socialmente da estrutura regional.
Os grupos Maxakalí ocupavam entre o rio Pardo e o Doce, ao sudeste da Bahia, o nordeste de Minas Gerais e o norte do Espírito Santo. Hoje vivem em duas áreas indígenas - Água Boa e Pradinho no município de Bertópolis, cabeceiras do rio Umburanas, vale do Mucuri, no nordeste de Minas Gerais.
Com ocupação de pecuaristas diminuiu a populacional dos Maxakalí, devido à redução de sua qualidade de vida e aos conflitos com os fazendeiros da região, o que pode ser identificado pela baixa longevidade dos membros desse grupo e pela alta taxa de mortalidade infantil, particularmente em decorrência da desidratação, disenteria, infecções e anemia.
No caso dos adultos, pode-se acrescer a esses fatores a violência e o número elevado de assassinatos decorrentes dos conflitos externos e internos agravados pelas condições impostas pela sociedade nacional. As primeiras notícias referentes a um subgrupo Maxakalí datam do século XVI. Passaram historicamente por inúmeras intempéries políticas desde a coroa portuguesa até "contratos criminosos de exploração das terras indígenas", para corromper as lideranças, instalar um clima de constante revolta entre os índios; beneficiar os posseiros e invasores das terras indígenas e transformar os índios em marginais e meros espectadores do desenvolvimento implantado em suas terras pelos fazendeiros. No topo da hierarquia social desta região pobre de Minas, situam-se os proprietários rurais. Os índios são classificados abaixo da categoria dos trabalhadores rurais, embora trabalhem eventualmente como assalariados para os fazendeiros.
Apesar de todas as compulsões sociais, políticas e econômicas e dos desarranjos sociais que vivenciam, os Maxakalí caracterizam-se pela extraordinária capacidade de preservar os traços mais marcantes de sua organização social e expressões culturais.
Fonte pesquisada até aqui: institutosocioambiental.org.br
Alguns relatos de oportunidades de aprendizados que tive sobre o povo Maxakali  (Marta Prata):
Meu primeiro aprendizado sobre os Maxakali foi em 2011, numa mostra fotográfica no Museu do Índio de Uberlândia: IMAGEMCORPOVERDADE, CANTO BRILHO NO LIMITE DO PAÍS FÉRTIL.
Admirei muito as cores alegres dos vestidos das Maxakali, nesta exposição eu adquiri um colar feito com fibras de embaúba.

Em 2012, na programação do FORUMDOC. MG 5ªmostra itinerante do filme documentário e etnográfico, assisti na UFU a um vídeo deste povo, e filmado pelos próprios Maxakali: Caçando Capivara.
Kuxakuk Xak                                                  Brasil – 2009 cor 57´
Caçadores Tikmuún saem com seus cães e espíritos aliados em busca da capivara. Cantos, olhares e eventos. Intensidades que se agitam sob um plano de aparente silêncio.
(Interessante que os Maxakali brincam teatralizando com alegria no filme, pois encenam matar a capivara, mas percebemos que o bicho já estava morto. Marta Prata).
Participei do encontro “Questão indígena e educação: perspectiva na aplicação da lei 11.645/08”, Museu do Índio e SME em Uberlândia, 22 de junho de 2013.
Participando da oficina: “Escuta e práticas musicais entre os povos indígenas: reflexões sobre forma de aproximações culturais”
Ministrada pela Prof.ª Rosângela Tugny – UFMG.
Fiquei a partir deste dia “encantada” com a cultura milenar dos Maxakali.
Para os Maxacali, a música é o eixo de suas vidas, portanto está presente em todos os momentos de seu dia, é a marca mais profunda da sociedade e do indivíduo.
Eles aprendem os cantos dos animais para adquirir a experiência de vida deles, ver o mundo com seus olhos, pois os animais são a sua fonte de conhecimento.
Cada canto de pássaro é único e em algum momento de sua letra, cita uma determinada característica que só esse pássaro tem. Daí quando eles o veem, identificam sua espécie através dos detalhes da letra das músicas.
A Rosangela Tugny conviveu muito com os Maxakali, e ficava intrigada (curiosa) pelo motivo que mantinham os rituais de cantos, pois já escutam as musicas de rádio...

Os Maxakali possuem desenhos de inúmeras espécies, registrados em mastro de madeira usado nesta tradição cantada. Cantam pra todos, inclusive pra diversas espécies de abelhas que nem existem mais.
Os cantos são vistos como remédios para curar os doentes (da mesma forma que vamos à farmácia comprar um remédio para alguém doente, eles vão à casa de música buscar uma canção) e eles os oferecem para os espíritos.
Eles não gostam muito da simetria/perfeição, por mais que pareçam iguais suas cestarias, trançados, canções, pinturas e etc., sempre há algo que os difere, é o que dá o brilho. Cada losango de um grafismo indígena é um losango diferente; cada mandioca é um tipo de mandioca diferente; nada nunca é igual, cada um é único e por isso devemos respeitar sua singularidade.
Rosangela Tugny viaja com seu esposo e um grupo de Maxakali, estão passeando no zoológico do Rio de Janeiro... e é aí que ela entende melhor os rituais milenares de cantos.
De repente, o grupo avista antas, (os Maxakali nunca tinham visto anta ao vivo antes, somente nos desenhos), mas mesmo assim, imediatamente correm em direção a elas cantando a voz das antas.
As antas, para espanto do casal Tugny tentam sair respondendo o canto, enfiam as patas na cerca na tentativa de subir e encontrar os Maxakali. Por um tempo os dois grupos dialogam.
Eu pergunto: Será uma ciência cantada? A ilustração científica nossa é tão exata?

Observação sobre o alcoolismo no grupo: eles diziam pra Rosangela que não foram eles que inventaram a pinga. (Inclusive existe trafico de pinga, e com um preço exorbitante) O indígena não pode comprar legalmente.
Durante a pesquisa, se a Rosangela conversava com algum que havia bebido, eles diziam: Não fale comigo agora, estou igual branco, eu bebi. É perigoso eu virar onça.

Já existem publicações de Rosangela Tugny destas pesquisas, são as sonoridades dos cantos de alguns animais.

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