sexta-feira, 2 de maio de 2014

 
SUGESTÃO ROTEIRO DE AULA
TEMA GERAL: "Os povos indígenas em Minas Gerais"
JUSTIFICATIVA: Conscientizar os estudantes das séries finais do Ensino Fundamental sobre a presença de grupos indígenas em nosso território mineiro bem como de suas tradições, lutas e desafios e para que o acesso a tais informações possa ser disponibilizado de maneira mais facilitada, levando em conta a falta de conhecimento sobre estes povos por parte dos professores e alunos.
OBJETIVOS:
- tomar conhecimento da história e cultura dos povos indígenas radicados em Minas Gerais;
- identificar a localização destas tribos no território mineiro;
- assistir a videos onde aparecem as lideranças indígenas expondo seus ideais e anseios e assim, quebrar os pré-conceitos intalados no inconsciente da maioria dos mineiros.
CRONOGRAMA:
10 aulas de 50 minutos
CONTEÚDOS:
- histórico das diversas tribos em Minas Gerais;
- localização geográfica de cada uma delas;
- vídeos onde a cultura, organização social, economia e religiosidade são mostradas.
PROCEDIMENTOS:
- pesquisa bibliográfica;
- pesquisa na internet;
- glossário construído coletivamente durante a aula;
- análise de dados quantitativos;
- discussão orientada;
- produção de texto parcial.
RECURSOS:
- livros para pesquisa;                                                                   
- mapas;
- textos da internet;
- vídeos e imagens da internet.
AVALIAÇÃO:
- Produção de um texto final coletivo.



3 COMUNIDADES INDÍGENAS EM MINAS GERAIS E SUA ORGANIZAÇÃO
3.1 Povos Indígenas em Minas Gerais
Os povos indígenas do Estado de Minas Gerais oficialmente reconhecidos encontram-se divididos em 08 grupos distribuídos pelo território mineiro, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Estado, sendo eles: Xakriabá, Pankararu, Aranã, Maxakali, Kaxixó, Pataxó, Krenak, e Xukuru-Kariri. Os dados existentes quanto ao número de índios presentes no estado variam conforme instituição consultada, devido
às diferentes definições e metodologias adotadas. O IBGE, por exemplo, apurou que no ano 2000, 48.720 pessoas residentes em Minas Gerais identificavam-se como indígenas, sendo 37.760 referentes à população urbana e 10.960 à rural, representando 0,27% da população residente no estado. Já conforme dados da FUNAI, que considera apenas índios que residem em reservas, a população indígena de Minas Gerais seria em torno de 7.500 pessoas.
Figura 1 – Povos Indígenas em Minas Gerais
Fonte: Núcleo de Educação Escolar Indígena da Secretaria de Estado de Educação de MG,
disponível em
http://www.descubraminas.com.br/destinosturisticos/det_mapa.asp?tag_origem=
P&id_origem=1814&id_mapa=270&id_lista=270&sequencia=1.
Xakriabá
Os Xakriabás constituem o mais numeroso grupo indígena remanescente em Minas Gerais, com cerca de 6.5004 índios, cujas 34 aldeias localizam-se no município de São João das Missões, norte do Estado, contemplando 53,4 mil hectares de reserva indígena. A maior aldeia desse grupo, denominada Brejo do Mata Fome, possui escolas estaduais, postos de saúde e de apoio da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e é onde se desenvolve a principal atividade econômica desenvolvida pelo povo Xakriabá, a agricultura de subsistência, que é desempenhada pelos indígenas mesmo sofrendo com as graves conseqüências que lhes são impostas pelas condições climáticas desfavoráveis da região.
4 Dados fornecidos pela FUNAI referentes ao ano de 2002.
10
Cabe destacar, que nas últimas eleições municipais, em 2005, membros da comunidade Xakriabá foram eleitos para os cargos de prefeito e vereadores na Câmara Municipal de São João das Missões, sendo que quatro dentre os cinco indígenas eleitos para o cargo de vereador ainda residem na reserva da comunidade, demonstrando a consciência e força política dos membros daquele grupo. Em relação às terras pertencentes ao povo Xakriabá, segue ainda uma disputa com o Governo Federal, constitucionalmente responsável pelos povos indígenas, pela revisão dos limites territoriais de sua reserva, decorrente de algumas famílias que ainda encontram-se fora da área demarcada.5
Pankararu
O povo indígena Pankararu tem suas origens no Estado de Pernambuco, mas atualmente um grupo familiar, com cerca de 126 pessoas, encontra-se no Estado de Minas Gerais, especificamente no município de Coronel Murta, situado no Vale do Jequitinhonha, onde qual habitam uma área de 60 hectares, doada pela Diocese de Araçuaí. O grupo tem se empenhado, ainda, através da utilização de conhecimentos ancestrais e religiosos, na tarefa de reestruturar uma aldeia própria, onde possam se expressar e viver sua cultura plenamente.
A despeito dos obstáculos enfrentados, o povo Pankararu assume ter uma dívida com o Estado, em virtude do auxílio do ente quando da titulação de suas terras. O Instituto de Terras do Estado (ITER) ofereceu a possibilidade do crédito fundiário, porém, o povo Pankararu acredita que terá dificuldades no pagamento das obrigações financeiras. Como consequência, a permanência da dívida os impede de receber certos benefícios (o período de carência acaba no presente ano). Nesse sentido, assume o Governo do Estado de Minas Gerais o compromisso de estudar formas de refinanciamento da dívida mencionada, ainda em 2008, provendo-lhes melhores condições para saldar seus compromissos.
Aranã
O povo Aranã é um dos subgrupos da grande família indígena Botocudo que vive, atualmente, em aldeias nos municípios de Araçuaí e Coronel Murta, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Constituem um grupo de aproximadamente 1507 pessoas, residentes, principalmente, nas fazendas Campo, Alagadiço, Lorena, Cristal e Vereda, sendo que na Fazenda Alagadiço há uma maior concentração de famílias em função da doação de glebas de terra pela Diocese de Araçuaí para alguns posseiros na década de 1980.
A busca do povo Aranã pela identificação étnica e reconhecimento remonta ao início da década de 1990, após a migração de um grupo familiar da etnia Pankararu (Pernambuco) para a Fazenda Alagadiça, em Coronel Murta, onde habitavam algumas
5 Dados sobre o povo Xakriabá foram obtidos nos sítios www.cimi.org.br e www.socioambiental.org.
6 Dados fornecidos pela FUNAI referentes ao ano de 2002.
7 Dados fornecidos pela FUNAI referentes ao ano de 2002.
11
famílias Aranã. Até a chegada dos Pankararu, os Aranãs eram apenas conhecidos pelas denominações Índio e Caboclo do Jequitinhonha. No entanto, o convívio com os indígenas de Pernambuco, que participavam do movimento e da luta pelos direitos indígenas, estimularam o desejo antigo do grupo de investigação sobre sua origem étnica, despertando uma maior reflexão sobre sua condição social e histórica. Inicia-se, assim, um processo crescente de revalorização da identidade étnica do povo Aranã.
A relação histórica de subordinação aos fazendeiros, a constante migração pelas fazendas e a memória de uma vida em comum, mas repleta de dificuldades na fazenda Campo, faz com que os Aranã possuam uma relação muito específica com a terra. Desde o primeiro contato com a equipe do CEDEFES, os Aranã afirmam que sua luta é para adquirir uma terra para que possam viver coletivamente8.
Maxakali
O território dos Maxakali, um povo tradicionalmente seminômade, caçador e coletor, estendeu-se pelos Vales do Mucuri e Jequitinhonha, no sul da Bahia e nordeste de Minas Gerais. Com a chegada dos europeus no litoral brasileiro e as frentes de colonização que adentraram o território mineiro, os Maxakali sofreram um processo de expulsão que os obrigou a se esconder na região do Vale do Mucuri. Mesmo nesse território foram alvo de vários tipos de violência, tiveram suas terras roubadas e devastadas com a introdução do capim colonião por funcionários do antigo órgão indigenista governamental, Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Contudo após muitas lutas e mobilizações, os Maxakali conseguiram a demarcação do seu território. Hoje a área Maxakali demarcada (5.293 hectares) está localizada na área rural dos municípios de Bertópolis e Santa Helena de Minas (respectivamente as aldeias de Pradinho e Água Boa), MG, Brasil, na cabeceira do rio Umburanas, afluente do rio Itanhém. Mais recentemente a distribuição geográfica populacional dos Maxakali aumentou no Vale do Mucuri com a ocupação de duas novas áreas nos municípios de Ladainha (reserva indígena) e Campanário. Sua população atual total é de aproximadamente 1.039 pessoas, sendo a maioria jovens e crianças.
Sua economia é voltada para a produção de pequenas roças de subsistência e artesanato, recebendo recursos de programas e/ou benefícios governamentais. Vendem ou trocam seus produtos por outros alimentos, nas feiras das cidades vizinhas. Continuam lutando por melhores condições de vida e estão engajados no processo de preservação e recuperação ambiental do seu território, reconstruindo o seu mundo simbólico e religioso.9
Kaxixó
Os índios Kaxixó habitam os municípios de Martinho Campos e Pompeu, às margens do Rio Pará, ocupando uma pequena área de 35 hectares. A sua população é estimada em 74 pessoas, sendo que há um contingente populacional de  aproximadamente 350 indígenas10 que não vivem isolados, encontrando-se dispersos
8 Dados sobre o povo Xakriabá foram obtidos nos sítios www.cimi.org.br e www.socioambiental.org.
9 Dados sobre o povo Maxakali foram obtidos no sítio www.cimi.org.br.
10 Dados fornecidos pela FUNAI referentes ao ano de 2002.
12
por essa região. Parte do grupo vive nas localidades conhecidas como Capão do Zezinho, Pindaíba e Fundinho. Há mais de 17 anos lutam pela demarcação de suas terras, como meio de garantir a sobrevivência e a rearticulação das famílias que hoje se encontram dispersas.11
Pataxó
O povo Pataxó é originário do sul da Bahia e, desde a década de 70, reside na Fazenda Guarani, município de Carmésia. Contam com uma população de aproximadamente 25612 indígenas, habitando uma reserva demarcada de 3.270 hectares. Vivem do plantio de roças de subsistência e da venda do seu artesanato. Como os seus ancestrais, os Pataxó manifestam sua cultura através da pintura corporal, danças, músicas e outros costumes tradicionais. É de um povo que se orgulha do seu passado e faz de sua memória seu maior patrimônio13.
Krenak
A etnia indígena dos Krenak é pertencente à grande família Botocudo e vive no município de Resplendor, Vale do Rio Doce. A sua população é de 18614 indígenas, vivendo em uma área demarcada de 4.200 hectares, conquistada após anos de luta.
Os Borum do Watu (índios do Rio Doce), como são conhecidos os Krenak, buscam a partir da reconquista de parte de suas terras, continuarem o seu projeto de vida. Lutam
pela manutenção de sua tradição cultural e suas maiores expressões tais como a língua, dança, pintura e religião15.
Xukuru-Kariri
Os Xukuru-Kariri pertencem ao tronco lingüístico macro-jê, sendo originários a partir da fusão de outros dois povos indígenas distintos, ocorrida ainda no século XVIII: os Xukuru, hoje mais presentes em Pernambuco, e os Kariri, em Alagoas.
Atualmente, parte do povo vive no território de Minas Gerais, mais especificamente no município de Caldas, sul de Minas Gerais, em uma fazenda de 127 hectares, pertencente ao Governo Federal. A principal tarefa que hoje é atribuída ao povo Xukuru-Kariri é justamente adaptar-se a essa região, criando condições de sobrevivência ao grupo étnico que hoje é constituído por aproximadamente 6416indígenas. É baseado na força de sua tradição religiosa, formada por diversos rituais, que o povo dos Xukuru-Kariri mantém sua identidade étnica, costumes e tradições17.
11 Dados sobre o povo Kaxixó foram obtidos no sítio www.cimi.org.br.
12 Dados fornecidos pela FUNAI referentes ao ano de 2002.
13 Dados sobre o povo Pataxó foram obtidos no sítio www.cimi.org.br.
14 Dados fornecidos pela FUNAI referentes ao ano de 2002.
15 Dados sobre o povo Krenak foram obtidos no sítio www.cimi.org.br.
16 Dados fornecidos pela FUNAI referentes ao ano de 2002.
17 Dados sobre o povo Xukuru-Kariri foram obtidos no sítio www.cimi.org.br
Links recomendados:

 
Postado por Berenice Outeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário