sábado, 29 de março de 2014

Infância Indígena

 
   A infância indígena é abordada no artigo “Concepções Indígenas de infância no Brasil”, de Antonella Tassinari.
    A autora afirma que há poucos dados etnográficos sobre a infância indígena. Após quase sete anos de publicação do artigo, observa-se que a temática ainda é pouco explorada e de bibliografia escassa.
    Antonella Tassinari destaca a necessidade de nos abstermos de nossa visão cultural de infância e dos estereótipos sobre a candura ou a crueldade indígenas. Candura, onde visualizamos a criança indígena como um ser que goza de total liberdade e autonomia, sem nunca ser punida por suas atitudes e crueldade, ao visualizar a criança como uma vítima de infanticídio e rapto.
    Ressalta-se o reconhecimento de que há uma diversidade sociocultural indígena e modos diferenciados de se tratar a infância por esses diversos povos.
    O texto elenca cinco aspectos que parecem recorrentes nas concepções indígenas sobre a infância:

      1) O reconhecimento da autonomia da criança e de sua capacidade de decisão.
As crianças indígenas possuem grande liberdade de escolha e autonomia de  tomar decisões que podem afetar não somente elas, mas seus pais, familiares e comunidade, no geral. Para alguns povos, como os Guarani, a criança é portadora de um ser espírito que, para ficar na terra, necessita ser cativado. 


      2) O reconhecimento de suas diferentes habilidades frente aos adultos.
As crianças sabem muito porque observam muito e podem circular por todos os espaços da aldeia, diferentemente dos adultos. Há um grande zelo, por parte dos adultos, pela educação infantil, a fim de que as crianças aprendam pela observação e auxílio aos mais velhos na execução das atividades cotidianas.

      3) A educação como produção de corpos saudáveis.
Os valores morais e éticos ensinados às crianças se relacionam à produção de corpos saudáveis e bonitos, promovidos pela ingestão de alimentos adequados e prática de técnicas corporais. O corpo deve estar em perfeitas condições para receber o conhecimento adquirido pela educação, pois o que é se aprende é “incorporado”, toma assento no corpo.

      4) A papel da criança como mediadora de diversas entidades cósmicas.
O pensamento indígena coloca as crianças como importantes mediadoras entre categorias cosmológicas: mortos/vivos, homens/mulheres, afins/consangüíneos, nós/outros, predação/produção.

      5) O papel da criança como mediadora dos diversos grupos sociais.
As crianças indígenas são elementos-chave na socialização e na interação de grupos sociais e os adultos reconhecem nelas potencialidades que as permitem ocupar espaços de sujeitos plenos e produtores de sociabilidade. 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
TASSINARI, Antonella. Concepções Indígenas de infância no Brasil. Tellus, Campo Grande, ano 7, n. 13, out. 20007. 

Leia o texto na íntegra, clicando aqui!

Postado por: Kelly Cristina Silva - Polo Coromandel

2 comentários:

  1. MULHERES INDÍGENAS
    As mulheres indígenas, a partir da década de 1990, começam a criar suas próprias organizações ou departamentos de mulheres dentro de organizações indígenas já estabelecidas na Amazônia Brasileira. Ao lado disso, encontros de mulheres de diferentes etnias têm acontecido nos âmbitos nacional e internacional. O que elas buscam no momento atual é a reivindicação de direitos próprios de seu gênero e o fortalecimento de antigas lutas de seus povos, o que faz com que negociem com diferentes atores no contexto Inter étnico. Ainda, a natureza das reivindicações das mulheres indígenas está relacionada principalmente necessidade de reflexão a respeito do caráter desigual que permeia a distribuição de benefícios individuais e coletivos entre homens e mulheres nas comunidades e demais coletivos indígenas.
    Dessa forma como exigir das mulheres indígenas uma autonomia financeira ligada a um modo de vida que está, muitas vezes, em conflito com os interesses da comunidade a qual ela pertence a “sociedade branca”? Nesse sentido, com a criação de vários movimentos indígenas, inclusive feministas é muito comum defender a autonomia das mulheres por meio do trabalho remunerado, emprego formal ou atividades que geram algum tipo de renda. Isso ocorre porque na nossa sociedade a liberdade da mulher está muito ligada à capacidade que ela tem de se sustentar financeiramente. Mas quando o assunto é mulher indígena, o debate não pode se restringir a isso e precisa considerar a cultura dos povos indígenas e, com ela, a necessidade de se demarcar as terras indígenas. Logo, esses movimentos feministas ficam a tarefa de buscar o diálogo junto a estas novas “atrizes sociais”, abrindo mão das certezas sobre as relações de gênero da sociedade ocidental, em função da construção de novos paradigmas. Obviamente estamos vivendo uma geração de responsabilidades, atual condição de dinamicidade do movimento, também responsável pela notável dificuldade de algumas esferas em articular e negociar as pautas de interesse indígenas, que se apropria da falta de ferramentas técnicas para abordagem dos temas desenvolvidos pelos órgãos e políticas públicas. Ainda sob essas perspectivas as mulheres indígenas procuram entenderem das leis para se resguardarem de qualquer tipo de agressão física, emocional ou psicológica apoiando na FUNAI e outras secretarias avaliando em que circunstâncias específicas determinadas leis podem ser úteis e acionadas por elas. Contudo, reconhecem que estão diante de um grande desafio: o desafio de desconstruir os discursos que justificam certas práticas alegando ser um costume, algo que têm suas raízes e fundamentos em valores tradicionais da cultura.
    http://www.revista.ufpe.br/revistaanthropologicas/index.php/revista/article/view/22. Acessado em 17/03/2014

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  2. Não foi relacionado com oque eu pesquisei.😕😤

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