Crianças Indígenas
Assis da Costa Oliveira
Crianças indígenas
são indígenas crianças,
São feitas crianças
ao serem indígenas.
Mundos situados nas
entrelinhas da infância,
Corpos nutridos por
oceanos culturais.
Pessoa descolorida das
misérias coloniais,
É teu o direito de não
ter direitos?
Revelas o inapreensível
das injustiças mais óbvias
Na peleja de teu povo
pelo respeito às diferenças.
Indígena criança que
vive entre humanos e espíritos
Não sabes que o
Direito não cresceu os teus direitos,
Porque fostes na pátria
o último a ser parido,
E quando o berro foi
ouvido a Justiça estava surda.
Mas eis que a
insistência quebrou a mordaça
E viestes à tona para
inverter nossas lógicas.
Moveram algumas palhas
na cúpula do poder
Para te oferecer
novíssimos direitos.
Porém és indígena
antes de ser criança
Para o bem dos teus
direitos, para o mal dos preconceitos.
As nobres autoridades
logo arranjaram nobres palavras podres
Que foram converter as
armas em armadilhas
E nos derradeiros atos
da casa das leis
Sepultaram o defunto
que nem havia nascido.
E agora, será que
voltamos ao tempo das ausências naturalizadas?
Será que ficou tudo
como sendo mais do mesmo?
Engano pensar que a
calmaria é clima de derrota
Quando o olho do
furacão ainda está sob nossas cabeças.
Indígenas crianças
teus direitos estão vivos,
Alguns nas leis dos
brancos, vários nos dos teus coletivos.
Então nossa tarefa é
recriar a infância
Ao conhecer as
realidades diversas.
Então nossa tarefa é
recriar os direitos
Na cópula
intercultural dos direitos humanos.
E assim levar a sério
o imperativo que diz
Que se os indígenas,
agora, rompem a porta
Da infância, é
preciso avançar para a inclusão
De todas as
diversidades do “ser criança”.
Postado por: Kelly
Cristina Silva
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